A Arte de Thiago Alves
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AS CINZAS DA FOGUEIRA
Eita nação festeira é o povo brasileiro! A eclética mistura das etnias faz do Brasil, a maior nação de miscigenação cultural do mundo. Entre costumes e crenças, nasce a força festiva e contagiante dessa gente.

Se for a Festa do Natal, os brasileiros começam a comemorar desde o final do mês de novembro, com os preparativos para a grande festa de Fim de Ano. Daí emenda “Natal”, “Ano Novo”, até o início de janeiro com a “Festa de Reis”.

Se for Carnaval, os brasileiros descansam uns quinze dias após as festas de Fim de Ano, e começam os preparativos carnavalescos. Em três dias de festa, se faz o maior espetáculo da terra. Entre desfiles de blocos diversos com trios elétricos seguidos por foliões desenfreados, orquestras de frevo embalando diversos blocos de saudades, bem como os encantadores desfiles das Escolas de Samba, até a estonteante dança do bumba-meu-boi e ala-ursas que animam desde as comunidades mais carentes até os grandes centros urbanos.

Passou o Carnaval, começa os preparativos para a Páscoa, a grande Festa Cristã. O Brasil é a segunda maior nação do mundo na prática do cristianismo, com cerca de 90% da população praticante. Essa força da Fé cristã da população tende a evidenciar-se na Festa da Páscoa.

É certo que a sociedade brasileira, direciona para o lado comercial uma grande parte do sentido do momento pascal. Onde concorrências como a grande queda-de-braço entre os valores comerciais, a saber, quem vale mais, se é o ovo de chocolate “Ovo de Páscoa” ou peixe, alimento sagrado na mesa dos brasileiros neste momento. Pois ambos disparam os preços numa subida desenfreada nessa época.

Porém, a linha espiritual cristã, toma grande importância no período pascal. Cultos rituais misturam-se a arte da dramaturgia com grande envolvimento. Representações de momentos da “Paixão de Cristo” são celebradas com grande veemência. Desde liturgias a dramatizações expressão as crentes evidências da Fé cristã dessa gente.

No Nordeste brasileiro, no Município de Fazenda Nova, Pernambuco, está situada a Jerusalém brasileira. A Nova Jerusalém. Onde acontece o espetáculo da Paixão de Cristo, no maior Teatro ao ar livre do mundo. Encenado por atores de grandes nomes das telenovelas e filmes.

No entanto, a festa mais popular do Nordeste, é o “São João”. Os festejos juninos estendem-se desde o mês de maio, até o mês de Julho. O mês de maio, considerado mês das mães e das noivas, é pela tradição católica cristã, chamado o Mês Mariano. Em reverência a Maria a mãe de Jesus, por ter sido neste mês que ela houvera concebido Jesus, a partir da anunciação feita pelo Anjo Gabriel.

No impulso dos festejos do mês mariano, fazem-se registros desde tempos anteriores, nos interiores remotos, a prática de Novenas (Pequenos cultos católicos repetidos por nove dias consecutivos, onde se reza o “Terço Mariano”, que é uma espécie de mantra, onde se repete em oração “cinquenta Ave-Marias e dez Pai-Nosso”, seguido de hinos de louvor a Mãe de Jesus). No caso do mês de Maio, o “Terço Mariano” é rezado pelos trinta e um dias. No último dia do mês que chamado “O Derradeiro de Maio”, costuma ser um momento especial. Geralmente culmina com foguetões de artifício e girândolas que abrilhanta o encerramento do mês de Maio.

Segundo a catalogação biográfica, a partir de registros no livro apócrifo de Tiago e outros livros, Maria a Virgem, seria filha de Santa Ana, filha do Profeta Natã. Santa Ana teria ainda outras duas irmãs, Maria mãe de Cleófas e Sobé que era a mãe de Santa Isabel casada com o Profeta Zacarias, cujos eram os pais de João Batista. Sendo este, portanto, o primo de Jesus. O gênio das artes Leonardo da Vinci por volta de 1500 faz um registro artístico numa faceta retrata em uma de suas obras: “Santa Ana, a Virgem e o Menino”, somando força à crença nos registros literários. A obra se encontra atualmente no Museu de Louvre em Paris, França.

Pela tradição histórica, nasce o cenário da dos festejos juninos da seguinte forma. Tendo Maria, concebido Jesus, subiu as montanhas de Judá, para visitar sua prima santa Isabel que também estava grávida de João Batista, passou alguns dias na casa de sua prima. No retorno de Maria para sua casa, Isabel e Zacarias lhes disseram que quando o menino nascesse eles avisariam ascendendo uma grande fogueira no alto da montanha e colocaria uma bandeira no alto de um mastro. Assim ela ficaria sabendo sobre o nascimento. Daí surge às bandeirinhas e a fogueira de São João.

Somaram-se a tradição, festejos com danças pela da festa da colheita. Moderniza-se ainda mais com o surgimento das quadrilhas juninas, que são oriundas da França, dos seus aristocráticos salões. A quadrilha se populariza no Brasil, pelo coloridos dos vestidos babados das moças, que são cortejadas pelos rapazes trajados de matutos de chapéus de palha e camisas de xadrez. Ao som da sanfona, triângulo e zabumba, danças dos diversos compassos impulsionam a euforia das festas juninas. A tradição culinária é capitaneada pelo milho e seus derivados. Fogos e balões enfeitam o céu do Nordeste e as músicas de forró, baião e outros ritmos, são verdadeiros hinos que marcam este período festivo. Ao redor duma fogueira, moças e rapazes fazem adivinhações e dizem juras de amor. A partir daí, nascem grandes romances de amor e contos de desilusões.

A crença do povo brasileiro abriga-se na devoção de diversos santos. Tem um santo para cada dia. São João tem direito há um mês inteiro de comemoração e nestes trinta dias dedicados ao primo de Jesus, ainda há vaga para se comemorar festa para mais dois. No dia doze é o dia de Santo Antonio (O Santo Casamenteiro). É dizem quem estiver com dificuldade para encontrar um parceiro, basta fazer uma promessa com Santo Antonio, que “é tiro e queda”, num instante se arranja. Dizem que tem casos de simpatia, que se a moça estiver “No Caritó” (quer dize que “ficou para titia”, não casou), basta pegar a estatua do Santo e penduram-no de cabeça para baixo e deixar, até que consiga arrumar o seu par. Dizem que é “um santo remédio” para estes casos. Outra simpatia se sabe que se a moça demorar a arrumar um namorado, bota-se a estátua dele para cozinhar numa panela, com agua pela metade e de repente consegue o prometido.

Dia de São Pedro, é comemorado em vinte e nove de junho e tome festa junina. Haja lenha pra fogueira, haja dança e milho assado, fogos e balões e assim termina os festejos do mês de junho.

Mas o povo inconformado com o final da maior festa do Nordeste brasileiro teria arrazoado o seguinte, fizemos festa para a mãe de Jesus, para o Santo Casamenteiro, para o discípulo pescador e não iremos fazer para a Avó de Jesus? Isto seria uma desfeita com Santa Ana! Logo amparados pela Bula Papal de Gregório XIII expedida em 1584, o que se comemora em vinte e seis de Julho como seria o dia da Santa Avó de Cristo, passa a ser chamado todo o mês de Julho, “Mês de Santa Ana”. E para fechar o mês com “chave de ouro” o povo sopra “As Cinzas da Fogueira” acende novamente a fogueira, levantam as bandeirinhas, soltam fogos e balões e ao som de muito forró, comemora o chamado “Derradeiro Sábado de Santana”, encerrando assim os festejos juninos no Nordeste brasileiro.


João Pessoa, 02 de julho de 2021.


Dom Antonio Joaquim Alves (Thiago Alves)
Embaixador da Paz Mundial - Núcleo Paraíba, Brasil
World Parlament of Security and Peace WPO

A Arte de Thiago Alves
Enviado por A Arte de Thiago Alves em 03/07/2021
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