A Arte de Thiago Alves
Poemas & Cores - A expressão da alma.
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O SEPULTAMENTO DO BATISMO
Nós que somos pais, bem sabemos da alegria que sentimos quando nasce um filho nosso. É um sentimento inexplicável! Só sendo pai para saber.
Os artistas têm um sentimento semelhante, quando criam uma obra. É como se tivesse nascido um filho seu! Esse sentimento de pertencimento da relação entre a obra e o artista é tão intenso, que por mais que ele se afaste da obra, não pode apagar nem desmanchar aquele laço de amor.
Como artista, eu também tenho esse sentimento. Tive o meu primeiro amor pelas artes plásticas, despertado por uma história interessante. Comecei a desenhar e pintar desde pequeno, sempre incentivado pela minha mãe e meus colegas da escola que acreditavam que eu desenhava bem, o que me fez desenvolver o gosto pelo desenho e a pintura em tela.
Aos doze anos de idade, fiz minha primeira apresentação de arte em público, quando me contaram uma história e me desafiaram a representá-la numa pintura. Interpretei a história, pintando um quadro numa simples base de cartão, utilizando a velha e companheira escolar tinta guache. Intitulei a obra de “O Sonho de Joãozinho”. Na época, eu morava em Itabaiana minha querida terra natal e apresentei o trabalho numa Jornada Pedagógica do Município, quando eu acompanhava minha mãe que era professora municipal. Exibi minha obra ao lado do então Prefeito Municipal o Dr. Antônio Batista Santiago, conforme a foto acima. A Secretária de Educação era Maria do Rosário. Era o ano de 1972.
Dali para frente, nunca mais parei de pintar. Minha mãe Dona Soledade, dizia ser um dom que Deus havia me dado, porque não havia na família nenhum outro artista.
Depois vieram muitas outras conquistas a partir da arte da pintura. Por exemplo em 1978, ganhei um Concurso a nível estadual, intitulado “João Pessoa e Revolução de 1930”, promovido pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Paraíba. No momento, retratei a morte do Presidente João Pessoa, numa pintura em tela, onde constava, a figura de João Pessoa no funeral, coberto com a Bandeira do Brasil.
A arte me acompanhou por toda a minha vida e foram inúmeras obras que produzi. Sempre partilhando a minha alegria com toda a população de admiradores do meu trabalho. Amigos e familiares dos quais sempre recebi o incentivo, elogiando a produção da minha arte, me fizeram o artista que hoje sou.
Sou grato a Deus, por ter me trazido até aqui e me ensinado através da inspiração, a produzir sem cessar, me dando condições de criar e ensinar aquilo que aprendi.
Expresso minha gratidão aos queridos Alunos do Curso Rabiskar, da primeira, segunda e terceira geração, os quais deram sequência a cultura artística, hoje espalhados pelo mundo, desde a nossa querida Itabaiana, ao Brasil e no exterior. Deixo sempre o meu conselho; “vivam a vida com arte e ela se tornará um lindo poema de amor”.
A alegria que sempre dividi com todos vocês que me acompanham nessa trajetória, me impulsionou a seguir com firmeza, deixando minha marca no mundo da arte, fincando um marco da cultura onde quer que eu tenha passado.
Com o objetivo de deixar um legado cultural para as gerações futuras, me tornei artista, poeta e professor. E tenho plantado essa semente em todo o meu trajeto. E os frutos tem nos trazido bastante alegria.
Em 1991, o então Pároco da Cidade de Itabaiana, o Pe. Antônio Kemps, que na época também exercia a função de Tesoureiro da Arquidiocese da Paraíba, regida pelo Arcebispo Dom José Maria Pires, me convidou para pintar um afresco no Batistério da belíssima Igreja local, a matriz de Nossa Senhora da Conceição. Eu me emprenhei no trabalho e numa semana e meia, concluí a obra a qual intitulei de “O Batismo de Cristo". Eu disse: essa aqui ficará para sempre aqui na igraeja e será uma referência cultural para o nosso povo. A obra passou a ser admirada pela população e como referência e ponto de visita obrigatório dos turistas que iam visitar Itabaiana.
Sempre que eu ia àquela cidade, era obrigatório para mim visitar a obra.
Hoje quero dividir com vocês, um momento de tristeza, porque a obra "O Batismo de Cristo" foi destruída. Como se não bastase o desgaste cultural que ocorre desenfreado no mundo, rasgaram tembém parte da memória da arte do povo de Itabaiana, PB.
Na manhã de hoje 14/02/2025, recebi um vídeo de um amigo que mostrava o interior da igreja e o local onde estava a obra "O Batismo de Cristo", que haviam passado massa de parede e pintado de branco por cima. A princípio não quis acreditar, mas vi que o vídeo mostrava também, no teto da igreja onde havia uma pintura da "Senhora da Conceição" feita pelo artista o Coronel Raul (in memoriam), cuja obra eu havia restaurado na mesma época, também fora removido. Então eu fiquei atônito. Me senti como algo dentro de mim estivesse morrido. Era como sepultar um filho. Em seguida encaminhei a informação as autoridades competentes para o devido acompanhamento e providências.
Toda a nossa comunidade de artistas, quando soube ficou indignada. Deixo aqui a minha nota de repúdio a tal atitude que feriu a cultura de um povo e um legado da arte da pintura itabaianense. Não sei de onde partiu a iniciativa, mas certamente foi uma atitude impensada e criminosa que mostra uma grande falta de respeito com o patrimônio cultural de um povo.
Esperamos que seja tomada as devidas providências para restituição da obra.
Thiago Alves
Thiago Alves Poeta
Enviado por Thiago Alves Poeta em 15/02/2025
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